Eis a Carta do IV Encontro Regional Sul da Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR), realizado em em Londrina nos dias 14 e 15 de dezembro.
Realizamos na abertura, dia 14, sábado, um cortejo embalado pelo Maracatu Semente de Angola, e muitos artistas do MARL - Movimento dos Artista de Rua de Londrina.
As plenárias foram realizadas nas Vilas Culturais Casa do Teatro do Oprimido e Alma Brasil.
Foram 2 dias intensos que culminaram no Não estacione: Sarau
do Teatro de Garagem, na Vila Cultural Alma Brasil, após fechamento da carta.
Segue a carta:
CARTA
DO 4º ENCONTRO DE TEATRO DE RUA DA REGIÃO SUL - RBTR
Os
artistas trabalhadores e grupos da região sul – RS, SC e PR, articuladores da
Rede Brasileira de Teatro de Rua reunidos em Londrina – PR, entre os dias 14 e
15 de dezembro de 2013, realizaram o 4º Encontro de Teatro de Rua da Região Sul
- RBTR, reafirmando a missão de lutar por políticas públicas culturais com
investimento direto do Estado em todas as instâncias: Municípios, Estados e
União, endossando, ainda, a luta por um mundo socialmente justo e igualitário.
Em
busca do aperfeiçoamento dos sonhos dos articuladores da Rede, a programação do
4º Encontro de Teatro de Rua da Região Sul contou com um cortejo/apresentações
pelo centro da cidade e plenárias realizadas nas Vilas Culturais Casa do Teatro do Oprimido e Alma
Brasil, esta última tendo sediado também o Sarau Cultural que finalizou o
evento.
Este
encontro foi organizado pelo MARL – Movimento dos Artistas de Rua de Londrina, movimento
este formado por grupos culturais de diversas linguagens: teatro, música,
grafite, rap, intervenções audiovisuais, artesanato, cultura popular, entre
outros. Surgiu no ano de 2012 com o
objetivo de articular os artistas de rua da cidade, alertando à necessidade de
políticas públicas para as artes públicas.
A
Rede Brasileira de Teatro de Rua, criada em março de 2007, em Salvador/Bahia, é
um espaço físico e virtual de organização horizontal, sem hierarquia,
democrático e inclusivo. Todos os artistas-trabalhadores e grupos de rua e
afins pertencentes a ela podem e devem ser seus articuladores para, assim,
ampliar cada vez mais suas ações e pensamentos.
Os
articuladores da região sul pertencentes à Rede Brasileira de Teatro de Rua,
com o objetivo de construir políticas públicas culturais mais democráticas e
inclusivas, defendem:
·
A criação de programas de ocupação de
espaços públicos, para sede dos grupos de pesquisa e trabalho continuado,
tornando-se centros de referência para as artes de rua;
·
Manutenção, aprimoramento e permanência de
espaços públicos que já possuem ocupação de grupos de pesquisa através de
comodato e/ou convênios;
·
Que
as instâncias públicas e privadas respeitem a tradição de “passar o chapéu” nas
apresentações dos artistas de rua, independente de haver ou não subvenção para
a realização do espetáculo;
·
Representações das artes de rua nas
comissões regionalizadas dos editais públicos, colegiados setoriais e conselhos
das instâncias municipal, estadual e federal;
·
Imediato aumento do aporte de verbas para a
Lei de Fomento de Porto Alegre - RS e o Programa Municipal de Incentivo à
Cultura (PROMIC) da cidade de Londrina – PR, bem como a criação de novas leis
em outros municípios dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná;
·
Garantir a remuneração dos membros da
comissão avaliadora dos projetos do PROMIC, em Londrina – PR;
·
Assegurar pelo menos 1% do orçamento dos
municípios para a cultura;
·
A extinção de todas e quaisquer cobrança de
taxas, bem como a desburocratização para as apresentações de
artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins, garantindo assim o direito de ir
e vir e a livre expressão artística, em conformidade com o artigo 5º da
Constituição Federal Brasileira;
·
Imediata aprovação da Lei dos Artistas de
Rua nas cidades de Londrina – PR e Florianópolis – SC;
·
Aprovação e regulamentação imediata da PEC
150/03, atual PEC 147, que vincula para a cultura o mínimo de 2% do orçamento
da União, 1,5% do orçamento dos Estados e Distrito Federal e 1% dos orçamentos
dos municípios;
·
Extinção da Lei Rouanet e de quaisquer
mecanismos de financiamento que utilizem a renúncia fiscal;
·
A utilização da verba pública através do
financiamento direto do estado, por meios de programas e editais, em formas de
prêmios, elaborados pelos segmentos organizados da sociedade;
·
A criação de programas específicos em nível
municipal, estadual e federal que contemplem: produção, circulação, formação,
registro, documentação, manutenção e pesquisa, mostras e encontros para as
artes de rua e mérito artístico na capital e interior dos estados;
·
Aumento da participação dos espetáculos de
rua em festivais consolidados como: Porto Alegre Em Cena (RS), Caxias em Cena
(RS), Floripa Teatro - Isnard Azevedo (SC), FITA Floripa (SC), Festival de Teatro
de Curitiba (PR), Festival Internacional de Londrina - FILO (PR), FENATA (PR),
entre outros, com objetivo de promover o intercâmbio e a troca de experiências
entre os artistas;
·
Que os espaços públicos (ruas, praças,
parques, entre outros), sejam considerados equipamentos culturais e assim
contemplados na elaboração de editais públicos e no Plano Nacional de Cultura;
·
Que os editais para as artes sejam
transformados em leis para garantia de sua continuidade, fomentando também o
intercâmbio entre companhias de diferentes cidades;
·
Que os editais Myriam Muniz e Artes na Rua
sejam publicados no primeiro trimestre de cada ano com maior aporte de verbas e
que seja publicada a lista de projetos contemplados e suplentes, além da
divulgação de parecer técnico de todos os projetos avaliados;
·
Que os editais sejam regionalizados e sejam
criadas comissões igualmente regionalizadas, tendo ainda a atribuição de
acompanhar o projeto até sua finalização com os respectivos pareceres;
·
Que as estatais contemplem com equidade em
seus editais as artes de rua, respeitando o critério de regionalização;
·
Apoio financeiro do Ministério da Cultura,
através das suas secretarias e fundações vinculadas, aos Encontros de Teatro de
Rua;
·
Criação de Fundos Estaduais, com
distribuição das verbas de forma equânime entre as cidades;
O
Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de
sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos
abertos. Assim, reafirma-se o dia 27 de março, dia mundial do teatro e dia
nacional do circo, como o dia de mobilização nacional por políticas públicas, e
conclamam-se os artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins e a população
brasileira a lutarem pelo direito à cultura e à vida.
“Um Artista de Rua faz
mais que um Ministro da Cultura” – João Pé-de-chinelo –
Grupo Manjericão.
Vila
Cultural Alma Brasil, Londrina, PR - 15 de dezembro de 2013.
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