No dia 18 de Outubro de 2013, o coletivo
ElityTrans, em parceria com algumas instituições e os movimentos sociais: MARL
- Movimento dos Artistas de Rua de Londrina, Coletivo Por Amor à Mukumby,
Coletivo EVA, Marcha das Vadias e Coletivo Maria Vem com a Gente, organizou
um Cabaré Diversidade na Concha Acústica de Londrina, local público, onde se
procurou fazer arte pública e celebrar a diversidade. Colocamo-nos na rua. Atores e
atrizes, músicos, cineastas, artistas e militantes.
E não era
só pela arte e pelo direito de levá-la à rua que estávamos ali. Outras demandas
nos deram tema e forma. O evento marcava então um ano do Ato
“Diversidade Colorindo a Cidade”, realizado em 2012 na Praça Rocha Pombo. Este
Ato foi organizado em resposta às frases homofóbicas que se destacavam na
paisagem da praça, mas também como uma atitude estratégica em termos de
ocupação do espaço público, uma reivindicação também do coletivo parceiro MARL
(Movimento dos Artistas de Rua de Londrina) através de ações culturais em
vários espaços da cidade.
A
prefeitura fez a egípcia! Demorou para tomar alguma providência em relação às
pichações homofóbicas da praça, mesmo diante de nossos pedidos, mas foi, no
entanto, bastante eficiente em reprimir as borboletas de tinta guache que
desenhamos para ocultar as mensagens de ódio.
Em
2013, este ato se transformaria numa noite cultural, pois entendemos a arte
como uma manifestação política, e é também através dela que combatemos as violências
que nos afetam enquanto coletivos. Estávamos na Concha para expressarmos a
diferença, combatermos a violência de gênero, violências institucionais e
preconceitos raciais e religiosos, além de exercer nosso direito de ocupação do
espaço público, tá, meu amor!!!
Mas numa
noite em que encenamos, cantamos e homenageamos a diferença, rojões, ou bombas
(e que importa, afinal, a natureza dos fogos?) foram atirados contra o público
que prestigiava o evento.
Foi feito
um Boletim de Ocorrência gerado no dia do Cabaré Diversidade, ofícios foram
enviados às instituições responsáveis, exigindo que se deem continuidade às
investigações e que esse tipo de acontecimento, frequente na concha acústica,
tenha fim. Até o momento, não tivemos respostas definitivas.
Mas este
assunto não será resolvido, de fato, na esfera jurídica. Só podemos pensar em
resolver esses problemas quando as pessoas passarem a ocupar a rua, que no
fundo, é fazer o exercício de convívio com @ outr@, de alteridade, de
estranhamento, enfim, de diálogo com a diferença. Nós continuamos nas ruas.
Essas são nossas armas, nossas bombas.
Mas o que ficou de um Cabaré na Concha também foi lindo.
Colorido com cores bastante orgulhosas, mesmo modestas se comparadas ao tamanho
dos prédios e concretos, mas orgulhosas, muito mais.
Iluminado e ligado por fios, cabos, mutretas engenhosas à
moda do jeitinho brasileiro, na melhor estética precária que acompanha os que
militam por essa arte. Arte muito mais desimportante que os plugs e chips e tvs
e poltronas que nos ligam ao nosso pequeno caixote, um recanto que finge
sobreviver em paz aos barulhos de fora.
Dançado como dançam as
singularidades, se estranhada sentada perdida na multidão, se tresloucada
movendo estranho. E sexualizado demais pra quem tem prisão de ventre. Contra as
vossas bombas, nós temos as nossas.
Sobre as intolerâncias na cidade
O ato encerrará o cortejo de
abertura do IV Encontro Regional Sul da Rede Brasileira de Teatro de Rua.
Programação:
11h: Concentração e organização
para o Cortejo
12h: Cortejo pelo Calçadão
13h: Encerramento (Concha Acústica):
“Ato pelo Direito à Diferença no Espaço
Público”
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