O Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (MARL), junto aos coletivos e movimentos sociais listados abaixo, comunica à comunidade e aos órgãos públicos de Londrina que, a partir de agora, dia 27 de junho de 2016 - dia nacional de luta do teatro de rua – passa a ocupar pacificamente, permanentemente e poeticamente o barracão da antiga sede da ULES, localizado na Avenida Duque de Caxias, n. 3241.
O
MARL surge em 2012 reunindo vários coletivos de teatro, circo, artes
visuais, cinema, música, hip-hop e artesanato, na luta pela ocupação
dos espaços públicos, pela garantia do direito de livre expressão
artística, por políticas públicas para as artes públicas e pela
democratização e descentralização de acesso e produção
culturais. As primeiras pautas do Movimento foram a Lei do Artista de
Rua – que conseguimos aprovar no final de 2014 – e a cessão de
um espaço público que servisse de sede para os coletivos e como
equipamento cultural comunitário para usufruto da população. Desde
2012, exigimos da prefeitura uma listagem dos espaços públicos
ociosos que poderiam passar a cumprir sua função social através de
uma ocupação cultural. Nunca obtivemos essa lista, nem qualquer
resposta por parte da burocracia municipal. Mesmo assim, nesse
período, houveram diversas concessões de terrenos da prefeitura
para empresas privadas.
Londrina
é reconhecida por uma intensa atividade artística, por uma grande
profusão de festivais, mostras e grupos de diversas linguagens. Por
outro lado, extremamente deficiente em equipamentos culturais.
Existem poucos e os que existem estão aos cacos. A situação é
ainda pior nas periferias, onde praticamente não existem. É que o
forte da cidade não é a arte, mas a especulação imobiliária.
Sendo assim, um shopping fica pronto em 6 meses e um teatro municipal
não fica pronto em 50 anos, e acaba sendo engolido pelo shopping.
Diversos espaços ociosos, que poderiam abrigar coletivos artísticos,
ensaios, oficinas, apresentações, bibliotecas, exibições de
cinema, etc., correm o risco de serem arrebatados por algum
empreendimento megalomaníaco, dando muito lucro para poucos, e
erguendo barreiras a quase todos.
Por
aqui temos desde 2002 a política de Vilas Culturais, financiadas
através do Programa Municipal de Incentivo a Cultura, que atende uma
pequena parte da demanda de manutenção de grupos e atividades
culturais. Entretanto, além do baixo orçamento destinado a essas
políticas, as 7 vilas que mantém convênio com a prefeitura
atualmente funcionam em espaços privados alugados. O que faz com que
aproximadamente 70% das verbas de custeio desses projetos seja
consumido em pagamento de aluguel. Não concordamos com essa
transferência dos cofres públicos para a iniciativa privada, uma
vez que as Vilas Culturais poderia funcionar em imóveis públicos
cedidos pela prefeitura, garantindo maior estabilidade e continuidade
às suas atividades.
Nesse
sentido elaboramos um projeto de ocupação para o prédio em
questão, que vem sendo pensado desde 2014, a partir de reverberações
do 14ª
Encontro da Rede
Brasileira de Teatro de Rua, sediado em Londrina. Nos inspiramos em
várias experiências semelhantes, recentes e duradoras, que têm
dado certo em São Paulo, Acre, Rio de Janeiro, Pernambuco e outros
lugares do Brasil e do mundo. Uma das experiências mais emblemáticas
é da sede do Instituto Pombas Urbanas, que há mais de 12 anos ocupa
o espaço de um supermercado abandonado
na Cidade
Tiradentes, Zona Leste de São Paulo. Quando o grupo entrou no
barracão, só havia as paredes e entulho, em pouco tempo, havia uma
sede. Hoje o prédio abriga uma biblioteca, um teatro, sala de
ensaios e sedia vários grupos independentes formados a partir de
oficinas de teatro com a comunidade.
O
espaço que estamos ocupando durante muito tempo foi gerido pela
entidade estudantil dos secundaristas, a ULES. Mas está há mais de
10 anos abandonado e com vários problemas estruturais. O MARL junto
aos coletivos parceiros se compromete a realizar a reforma do
barracão de modo a deixá-lo em condições de abrigar as atividades
de ensaio dos grupos, oficinas para a população, eventos, reuniões,
uma biblioteca e uma horta comunitária. O espaço também servirá
como sede para o próximo Encontro Nacional da Rede Brasileira de
Teatro de Rua que acontecerá entre os dias 01 e 10 de dezembro desse
ano.
Exigimos
imediatamente a cessão oficial do imóvel público ao Movimento dos
Artistas de Rua de Londrina, bem como a imediata ligação de água e
energia, para que possamos dar início às atividades programadas.
Exigimos
que a Prefeitura divulgue a listagem de espaços públicos que não
cumprem função social para que outros coletivos culturais,
artísticos e educativos tenham onde realizar seus trabalhos.
Exigimos
a permanência e a manutenção, com condições dignas de estrutura,
do Centro Cultural Wãre, que abriga atualmente 30 famílias da
comunidade indígena Kaingang, povo originário desta terra, que vem
sendo boicotada e pressionada a deixar o local.
Exigimos
a imediata revisão do projeto de reforma da Praça Pedro Bezzarini,
no Jardim Igapó e a apuração das irregularidades que permeiam todo
o processo.
Exigimos
que as periferias deixem de ser palco de chacinas e violência do
Estado. Defendemos que a violência seja combatida através de
políticas pública de cultura, educação e saúde e não de
repressão. Arte pública é saúde pública, educação pública e
segurança pública.
Convidamos
todos os fazedores e militantes da Cultura a unir esforços na
garantia da ocupação para que ela se
torne um ponto público e autogerido de fomentação e trocas
artísticas.
Convidamos
também as autoridades do Município para conhecer nosso projeto e
abrir um canal de diálogo.
“Se
não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir em paz”.
Ocupa
eu, ocupa tu, ocupa todo mundo. Evoé.
MARL
- Movimento dos Artistas de Rua de Londrina
Coletivo
Cão sem Plumas
Movimento
Cultura Londrina contra o Retrocesso
Cia.
Teatro de Garagem
Núcleo
Ás de Paus
Cia.
Palhaços de Rua
Cia.
Curumim Açu
Cia.
Boi Voador
Fábrica de Teatro do Oprimido
Fábrica de Teatro do Oprimido
Maracatu
Semente de Angola
Teatro
Kaos
Comitê
Passe Livre
Frente
Anti-Fascista
Comunidade
Kaingang
MACUL
- Movimento Artesanato é Cultura
Clã
Pé Vermelho- Permacultura e Bio-construção
Movimento
Punk
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